quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pimp My Lunch #002

Sempre com o meu Zen atrás, e carregado com um valente Bacalhau com Natas, um pão, uma baba de camelo e um Bongo (o sumo rei da selva), que acabara de adquirir no supermercado Modelo, lá procurava um sítio para me sentar e almoçar.

Hoje não me apetecia andar muito e como tal procurava apenas um lugar calmo, mas não mortiço. A escolha recaiu sobre a Rotunda de Entrecampos e mesmo estando frio, o facto de me poder sentar na relva, olhar para um milhar de carros à minha volta em vidas super apressadas, enquanto ouvia musica, parecia-me suficiente para gostar do momento. Ainda por cima, não estava assim tanto frio e nem se adivinhava chuva.



A parte mais complicada de todo este processo é atravessar uma rotunda, quando se é peão. Eu adoro rotundas e aqueles passeios que dividem as estradas. Todos eles parecem ilhas e por isso até já baptizei um desses passeios (mesmo ao pé do “Lux”) de “Lost”. Não me perguntem porque gosto particularmente destes espaços, o certo é que fascinam e adoro sentar-me e comer neles. Especialmente se tiver um leitor de mp3 comigo. É fascinante. Parece que saímos um bocadinho do mundo e o ficamos a ver numa perspectiva à parte. Ali o nosso tempo está parado, enquanto observamos a azáfama geral em nosso torno.

Enquanto lá estava a almoçar, reparei numa discussão entre um dono de um quiosque e o dono de um carro que estacionou mesmo à entrada da sua propriedade. Também notei em alguns estrangeiros que tiravam umas fotos à estátua e a mim, pois no meio daquela praça não é comum ver uma única pessoa a conviver. Aliás, não entendo muito bem porque ainda se chama Praça de Entrecampos (mesmo que seja um topónimo não oficial). A definição primária de praça remete-nos para um espaço público urbano livre de edificações e que propicie a convivência e/ou recreação para seus usuários. O certo é que nos últimos 10 anos tenho frequentemente estado a trabalhar perto desta “praça” e nunca vi ninguém lá - mesmo no seu núcleo.

De vez em quando ainda observo algumas pessoas a tirar fotografias à estátua, uma das mais belas de Lisboa, mas atravessarem a estrada e colocarem-se bem no meio como eu o fiz, nunca o vi até hoje.

Prossegui o meu almoço reparando detalhadamente em todos os elementos que me rodeavam. Para quem não sabe, a estátua colocada mesmo no centro da dita praça é uma homenagem aos heróis da guerra peninsular (invasões francesas) e é tão detalhada e bela que por momentos me perdi focado noutros tempos.

Os minutos foram passando e as vidas continuavam stressadíssimas em meu redor. Coloquei tudo dentro do saco e cuidadosamente levantei-me e atravessei a estrada. Deitei tudo para o lixo e pensei para mim mesmo. Gostei! Tenho de repetir....

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